O Espírito dos Sais *
Em se tratando de fotografia, cada salto tecnológico engendra alterações dos padrões estéticos, novos objetos de interesse surgem e, por conseguinte, mudanças nas escolhas dos fotógrafos e do público “consumidor” de imagens fixas.
Vivemos um momento que está gerando transformações significativas, poder-se-ia dizer que a fotografia está se tornando volátil, ou talvez banal, fácil e mais massificada do que nunca. Há mesmo quem comece a pensar em fechar os olhos para melhor poder enxergar.
Telefones celulares, e-mails e Blogs nos atormentam com um volume incrível de imagens inúteis. Talvez por isso esteja acontecendo, por todos os cantos, um interesse pelos processos antigos que remontam os tempos de Fox Talbot, Bayard, etc... Papel Salgado, Goma Bicromatada entre outros processos passam a ser resgatados.
Temos um grupo de pesquisa, eu e meus alunos do IA da Ufrgs, grupo empenhado há mais de um ano em revisitar os processos antigos de sensibilização de papéis para produção de imagens pela ação da luz solar (ou lâmpadas especiais UV que antes não existiam, pois tratam-se de técnicas do século XIX).
Ainda mais além, como as imagens não podem ser ampliadas e sim originadas por negativos que tenham o tamanho da imagem desejada, nos utilizamos dos meios digitais atuais como matriz de uma fotografia que terá um “acabamento” que esteticamente incorpora o erro e remete a todos aos primórdios da fotografia. Sem falar na possibilidade de, partindo desta imagem, buscar ampliá-la em grandes proporções por meio de impressoras sofisticadas formando assim uma imagem artística veículo de uma hibridização total de meios.
Propomos mostrar nosso trabalho desde os “bastidores”, bem como ensinar estas novas/velhas técnicas no intuito de popularizar, problematizar, causar um certo ruído nesta era das imagens perfeitas.
Prof. Luiz Eduardo A C H U T T I.
* Nome inspirado na publicação francesa L’Esprit Dês Sels de Randall Webb e Martin Reed.
